domingo, 30 de janeiro de 2011

Desalento

Imagem: internet
Mais Florbela...

Às vezes oiço rir, e 'ma agonia
Queima-me a alma como estranha brasa.
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n'alma o fogo que m'abrasa"

Tenho sede d'amar a humanidade...
Eu ando embriagada... entontecida...
O roxo de meus lábios é saudade
Duns beijos que me deram noutra vida!

Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
De só saber chorar, de ser assim...

Gosto da noite, negra, trsite, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que sinto sempre a voltejar em mim!

Florbela Espanca.

Um comentário:

Marinha disse...

A noite traz abrigo aos que temem as possibilidades de (re)início do dia.
Amo Florbela e sua melancolia poética!
Bjo e paz.