domingo, 24 de maio de 2009

O MENSAGEIRO


Sou coração que segue em silêncio

Nos fios do sublime pensamento

Pela ressurreição de um sorriso

Renasço nas asas do tempo


Esta Terra é degredo dos sonhos

É espelho que distorce o sentimento

É castigo no julgamento do fracasso

É fogo que se cala a todo o momento


Perde-se no tempo

Este aceso archote de magnética paixão

Muito para além da terra se repete

Esta muda melodia de eterna solidão


Cheguei a meio de um longo inverno

Não tenho no céu uma estrela guia

Uma sombra às vezes procura a luz

O Sol recolhe a claridade ao fim do dia


Na noite

Oiço as vozes dos filhos da Terra

O cantar das águas de uma lagoa

O murmúrio das pedras em suave espera


O canto das flores solto no espaço

Afastei-me à muito da procissão da vida

A carícia de ondulante brisa nocturna

Abriu em minha alma uma força incontida


No abandono de uma nuvem de Anjos

Fiquei proibido das minhas recordações

O sortilégio da vida tocou-me em sorte

Senti o frio deste mar de contradições


Perdi as asas, a harpa de ouro

Pisei o frio da terra molhada

Com trémula mão toquei uma flor

Afastei a bruma desta alma assombrada


Percorri todas as estações

Lutei contra mil desejos insatisfeitos

Percorri a distância de cada verdade

Varri os sonhos incompletos


Falei a todos da virtude do amor

Ignorei o ódio, a raiva é sentimento derradeiro

Sou uma flor que eclodiu das pedras

Uma estranha criatura de Deus ou…Um Mensageiro…
O Profeta

quarta-feira, 13 de maio de 2009

RECORDEI-ME




Sou palavra perdida no silêncio

Gerada no ventre do Mar

Grinalda de perdidos sonhos

O passado do verbo amar



Amei!

Voar na chegada de cada Primavera

Pintar de luz as cores do verão

Pisar o tapete das folhas de Outono

Acender em cada inverno uma fogueira de paixão



Amei!

A tua respiração a bater em meu rosto

Habitei o alto de branca montanha

Procurei-te no Mundo até ao Sol-posto



Ouvi murmúrios em cada sonho

Sonhei-te esculpida em alva espuma

Um diadema de estrelas-do-mar

Coroou-te Deusa da Bruma



Naveguei em mar de nuvens

Com leme de incerto rumo

Velas impaciente nos mastros

Vento fugindo do Sol a prumo



Fugi!

Desta ilha na procura do sonho

Caiu sobre mim o tempo

Naveguei num Oceano profundo



Cavalguei tempestades medonhas

Construí uma torre de areia

De lábios frios, saíram palavras abrasadoras

Procurei a paz à luz de uma candeia



Dormi com a terra

Lavei a contradição em águas claras

Um grito brotou do fundo da minha alma

Espalhei no vento as minha mágoas



Voltei!

A uma espera de silêncio

Um cais de negras pedras acolheu-me

Subi a um vulcão adormecido

Abri os braços ao celeste…recordei-me…

O Profeta.