sexta-feira, 29 de junho de 2012



INGRATA! E fazes milagres

E não crês em ti sequer.

Vê, teu riso quebra as lousas,

Eu sou Lázaro, mulher.



Tu me perguntas, formosa,

Se a alma tem outra flor...

Se revive murcha a rosa...

Se renasce morto o amor...



Ingrata! pois tu duvidas?

Do influxo do teu poder!...

Minh'alma é planta aquecida

Nos teus sorrisos, mulher.



Ingrata! Tu que dás vida

Não vês sequer teu poder!...

Olha-me! Eu vivo, querida!...

Eu sou Lázaro, mulher!



Eu era a triste crisálida,

Tu foste a luz do arrebol!...

Minh'alma desperta válida

Aos raios da luz do sol!...



Ingrata! Inda assim duvidas

Do influxo de teu poder...

Vês, minh'alma? É borboleta

Que tu salvaste, mulher.



Ingrata! E fazes prodígios

E não crês em ti sequer!...

Minha alma é lousa florida

Aos teus afagos, mulher!"
 
Castro Alves
 
(Sarau Poético de 29/06/2012, poema postado por Célia Regina F. Reis)

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